quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pontos de Encontro

Em comemoração aos 350 anos de Sorocaba.o Jornal Cruzeiro do Sul,lançou em um edição comemorativa um informativo contando a historia de Sorocaba,onde Ângela Fiorenzo apanhou uma serie de dados históricos sobre os Bailes,Clubes reuniu fatos e fotos dessa época de ouro de nossa região abaixo segue na integra toda essa brilhante historia.
PONTOS DE ENCONTRO
Por Ângela Fiorenzo
Quem não conhece, conhecerá! Quem fez parte desta história, reviverá estas lembranças com alegria e saudade porque, falando do passado, recordaremos quais foram os "points" badalados da cidade, os locais onde a sociedade sorocabana se encontrava sempre, em momentos felizes, de entretenimento, de lazer e festa!
Para tanto, voltaremos um século no tempo!


Ponto de encontro em todas as épocas, o cinema, em Sorocaba, era ambulante até 1910 quando, no dia 13 de agosto, foi construída a primeira sala de exibição em pavilhão fixo, em madeira e zinco. No ano seguinte, no dia 15 de abril, a empresa Paulo Guariglia & Cia inaugurou o Coliseu Sorocabano, e em 1911, 13 de dezembro, Manoel Affonso inaugurava o o High-Life, o primeiro em alvenaria. Nas esquinas da ruas Álvaro Soares e Barão do Rio Branco, um ano depois arrendado a Jorge Caracante, que também foi proprietário do Cine São José, em sociedade com Nhô Nhô Pires.
As retretas, na praça coronel Fernando Prestes, eram uma atração, embora "os meninos mal educados", como li no Cruzeiro do Sul da época, "atrapalhassem os músicos subindo no coreto". E as domingueiras dançantes, atraíam também! Promovidas pelas senhorinhas e rapazes da época, entre eles Hilda Passos, Affonso Vergueiro e Sylvio Kenworthy, descobri que durante o evento eram realizados torneios de pingue-pongue. Interessante, não acha?
Em 1920, 1930 a cidade contava com um Velódromo (pista de patinação na rua Francisco Ferreira Leão). Contava ainda com o famoso teatro São Rafael, na rua Brigadeiro Tobias, onde o imperador Pedro II, li também, comemorou um dos seus aniversários, e ainda com mais um cinema, o Coliseu, na esquina da Brigadeiro com a XV de Novembro.
Anteriormente à instalação dos cines, usavam-se as salas do Aymores, atual Gabinete de Leitura, e dos Atiradores, onde funcionou o jornal Cruzeiro do Sul, na confluência das ruas de São Bento e Santa Clara, para a exibição das películas, chamadas fitas.
Você sabia que a fusão dos clubes Recreativo Familiar, fundado em 1909, e União, em 1895, deu origem ao Clube União Recreativo? Na comemoração do jubileu de prata do novo sodalício, expressão usada, um dos diretores era o professor Fernando Rios, e o presidente, Renato Mascarenhas.
Na mesma praça, imponente, majestoso, admirado e restrito apenas à elite, nascia, em 9 de novembro de 1926, o Sorocaba Clube fundado por Cherubim Rosa, Benzico, tratado assim pelos amigos. Da família Moyses Betti, Fellipe estava na diretoria.
Havia ainda o 6 de janeiro, o 28 de Setembro, o Circolo Italiano e o Santana que mais adiante conhecerá anos gloriosos com a realização de eventos marcantes, entre eles, o Concurso das Dez Mais, do Baile da Saudade, como mostram as fotos de década de 80.
Os convescotes, piqueniques, eram tidos como bons programas. E como eles, os saraus conjugando às noites de música e poesia, torneios de pinguepongue e bilhar!
Se o Palaciano, o Fidalgo e o Poético - assim eram chamados o Sorocaba Clube, o Recreativo e o Circolo, respectivamente - enfeitavam a praça nos finais de semana, as moças e rapazes fazendo o "footing", enfeitavam igual! Elas caminhando para a direita, eles, para a esquerda, ambos trocando sorrisos e flertes.
A praça era pública, entretanto, no footing, a distinção social ficava evidente. Dependendo da classe, era o local por onde as pessoas circulavam. De qualquer modo, a lembrança é uma deliciosa mistura de carinho, emoção e saudade!
Presente desde sua fundação e depois dela por muitos e muitos anos na vida do sorocabano, o Sorocaba Clube foi, marcantemente, ponto de encontro da elegância, e em 50, com mais precisão em 1957, recebeu os associados com o máximo de sofisticação e glamour. Acontecia o primeiro Baile das Debutantes para apresentar à sociedade, meninas-moças completando quinze anos! As mocinhas, nessa festa organizada pelas patronesses Néia Bruni, Oly Vial, Zizi Silveira, entre outras senhoras, tiveram a "sua noite em Hollywood"!!!
Contado por uma das garotas da época, Suraya Abdalla (hoje Suraya Abdalla Alonso), os jovens, cada vez na casa de um amigo, realizavam bailinhos nos finais de semana. O horário? "Começavam entre oito e oito e meia da noite, e os pais revezavam-se para levar e buscar os filhos."
No coração das famílias de tradição na terra, pois a história delas e a do clube se misturam, o Sorocaba também promoveu com sucesso os bailes das Flores, da Primavera, o Azul e o Baile Branco! No novo século, lá adiante do ponto em que nos encontramos, em 2002, a TV Comunitária da cidade, TVcom, reviveu o glamour dessas noites realizando o "Elas de Branco & Eles de Black-Tie". Como nos áureos tempos, uma noite a rigor.
Quantos enxadristas somavam, não sei, mas havia um clube, o Xadrez Clube de Sorocaba, que ainda existe, onde Gualberto Moreira, na década de 40, foi classificado "entre os dez melhores tabuleiros para enfrentar em sessão simultânea Ubirajara Silveira, Duílio Berti, Genésio Machado, Tadeu Grembeck e Eurico Sbrana", como o noticiado. O Gualberto Moreira médico, ex-prefeito, um dos batalhadores para a instalação da Faculdade de Medicina de Sorocaba e nome do Ginásio Municipal de Esportes, ginásio que ele construiu e, no passado, reuniu a sociedade sorocabana em noites de gala. Uma delas, a festa "Show das Nações", para a inauguração do espaço onde, bem mais tarde, atletas do vôlei e basquete projetaram Sorocaba, lembrando aqui os nomes de Mônica, Vera Mossa, Ana Richa, Radamés Latari, Hortência, Vanira e Branca.
Ponto de encontro da ciência, letras e as artes, o Grêmio Cultural Artístico, fundado por Benedito Rodrigues, promovia tertúlias literárias e destinava-se a estudantes que queriam aprender oratória. O orador, Paulo Breda Filho, era brilhante!
Localizado na estrada São Paulo- Sorocaba, o Clube dos Bandeirantes conquistou a simpatia dos sorocabanos. Uma boa opção para almoços, jantares e festas! Onde o Centro Acadêmico Vital Brazil, da Faculdade de Medicina, realizou a sétima edição da Festa da Amizade, e os noivos Sebastião Gomes e Maria Ayala Rodrigues (Mara e Babá) recepcionaram os convidados em seguida ao casamento.
Voltamos mais uma vez ao centro da cidade. Aos domingos, a presença das mocinhas da sociedade era obrigatória na missa das 10 e saindo da Catedral, de três em três, de braços dados, as meninas tinham permissão para umas voltinhas pela praça. Seguiam dali para casa, almoçavam, e à tarde encontravam-se no cinema!
Sem sair de onde estamos, vamos para o Scherepel, um dos bares mais badalados de Sorocaba. Por bons anos, não sei precisar quantos, não havia quem da sociedade não conhecesse, não freqüentasse o ponto. Ai se o Scherepel falasse!!!
Era ali que os moços, em geral em turma, flertavam, mais tarde, paqueravam, as moças que desciam a rua de São Bento. Elas também podiam entrar, desde que com as famílias. Desacompanhadas, apenas depois do desfile de 7 de Setembro, e para tomar uma água, um suco ou um sorvete! A saudade bateu???
Praça, Catedral lembram Procissão do Divino! Era um grande acontecimento. Ser convidada para levar o andor, uma honra, além de um ótimo momento para desfilar roupa nova, elegante e bonita! O poder aquisitivo das famílias, disse uma das moças, contava para o convite. Você reparou como a praça tem histórias, como faz parte da história da gente?
Não durou, mas valeu! Os rapazes se divertiram fundando o Tigers Clube, uma associação cultural e de lazer, só para solteiros!!! Homens solteiros. Essa, a primeira condição para fazer parte do grupo, a outra, freqüentar o Sorocaba Clube que congregava a "nata" da sociedade, expressão bastante usada!
Era também no Sorocaba Clube que as "ladies" se encontravam. No Clube da Lady, uma associação glamourosa, prestativa, elegante, diferenciada, benemerente!
Um tempo em que se valorizava e muito, a declamação e o estudo de piano. Daí, as audições que musicaram com sensibilidade e talento muitas noites sorocabanas. Pesquisando para o livro, anotei diversas vezes o nome da professora Nafice Marques. Recebia pais e convidados para o recital dos alunos, no Clube União Recreativo que, ainda em 60, estourou realizando o "Festival da Canção" inspirado nos festivais da Record, e o popular e concorridíssimo "Show Recreativo". Quantos artistas da terra foram aplaudidos em pé nos vinte dias de apresentação!!! Mais tarde, trazendo grandes shows com grandes nomes, o Recreativo tornou-se, alguém escreveu, uma "máquina de divertir quatro mil sócios!"
O Baile das Debutantes continuou vestindo o Palaciano de luxo e requinte por toda a década de 60, e na garagens, os bailinhos ganhavam corpo ao som da Sonata (toca discos de vinil) ou dos conjuntos formados por amigos que tocavam contrabaixo, guitarra e bateria! Tempo do Mug, do Brucutu, e do Pilão, a primeira boite da cidade! Com decoração psicodélica, virou sensação. Um passo para a modernidade!!! Guyma, colunista, escreveu "Vamos acabar com a frase Sorocaba não tem onde ir. Boite Pilão é a nova bossa do ano."
E a jovem guarda ganhou espaço. Rendendo-se aos novos tempos, o Sorocaba Clube abriu o Porão 113, boatinha onde Alceu Nogueira Soares Filho, Álvaro Tunis Soares e Arthur Fonseca Filho agitaram o "Baile do Mau Gosto". Celso Wey comandou o som.
Em 60, 6 de setembro de 61, nascia o Ipanema Clube com novas propostas e modernizando os costumes, como o café da manhã servido depois do Carnaval, os jantares dançantes no Salão Colonial, que depois da reforma tornou-se Divo Barsotti. E assim o Ipanema chegou em 70, recebendo com destaque a sociedade nos eventos que promovia, a Noite Tropical, à beira da piscina era um deles, ou que outros anfitriões realizavam, como o aniversário de Telma Cristina Muraro. Li a notícia na revista Imagens, publicação de duas amigas queridas, Míriam Nazareth e sua mãe, Anna Barão Marques Moraes. Em 1977.
Outros pontos de encontro da nossa sociedade nos anos 70: o restaurante Chapéu de Palha, de Rino Lo Presti, em Brigadeiro Tobias; a Associação Cristã de Moços, que a sociedade abraçou tornando-se associada; a Cantina Sole di Napole tentando os paladares com seus carros-chefe - massas verdes e Steak à Diana -, e o sofisticado e inigualável Paris Cherie, sinônimo de requinte na ambientação e no preparo das peixadas, camarões, lagostas e churrascos, e no preparo das sofisticadas batidas, frutas e sorvetes.
Tivemos ainda o Jardim Tropical, o Fuxiko Kafé, o Gardens Chop e a doceria A Donzela! Sentiu o gostinho dos bombons de uva e camafeus, do capuccino e do chopp geladíssimo?
Chegamos em 80 e vamos encontrar as discotecas Zarabatana, Voyage, Kripton, Studio 1000 e Sagitarius; a juventude, motorizada, fazendo "footing" na Avenida Pereira da Silva; os bares Sarchichon, Calçadão e Freds e, um tempo depois, o Chiken-in, Elton Bar, Elton Choperia caindo nas graças do sorocabano. Quem era in, como o "Chicken", freqüentava!
Aos sábados, a Boatinha do Ipanema Clube, e aos domingos, a Domingueira do Sorocaba Clube eram os programas favoritos da moçada. O "mingau", lembrou?!?
Na avenida dr. Eugênio Salerno encontraremos o Machiarolli, um restaurante com cozinha internacional sinalizando o crescimento da cidade e, na rua Cesário Mota, o Arcobaleno, arco-íris em italiano. Uma casa noturma com piano bar. Sorocaba não tinha visto nada igual!
As debutantes ficaram no passado, mas as festas de quinze anos, não! Com direito à valsa, quinze pares e troca do vestido e sapatinhos, as aniversariantes comemoravam a data, algunas em discotecas, e a grande maioria no Ipanema Clube ou então no CCS.
Charmoso, amplo, com muito verde, privilegiado também na localização, o Clube de Campo, no alto da Boa Vista, fundado em 53, investia mais no esporte e lazer. No início, o único evento social era o Baile do Hawai, depois Noite Tropical, e depois ainda baile de aniversário. Em dezembro. Mais tarde vieram o précarnaval, as boatinhas especiais e só então, outras noites dançantes. Todas bem sucedidas aproximando mais e mais os associados do clube.
Diretora social em mais de uma gestão, criativa e arrojada, Marize Peres Pereira transformou as festas. À decoração conferiu um novo conceito. Ditou moda, agradou! "Um das de dona Marize", disse Paulinho, o talentoso Paulo Franco, "foi usar aquários para os arranjos e tulipas de vidro com uma vela."
Em 1990 a "galera" - não gosto do termo mas era o que se usava! - fazia "pit stop" no Campolim, na Avenida Antônio Carlos Comitre, o corredor mais nobre da cidade. A nossa Avenida Paulista!
Os shoppings, que já somavam três, definitivamente mudaram a rotina. Induziram, refletiram um novo comportamento da sociedade.
Gente bonita, transada, antenada na moda e nas novidades marcava presença no Vila D'Esti, restaurante que chamou a atenção dos jovens; no D'Esti Club, famoso pelas noites de flash back comandadas por Olavo Barbero Schimmelpfeng; na Factory Music - a casa inventou o bem bolado concurso Garoto e Garota Factory -; no Tribeca, pela sofisticação, música e sushi bar. E não é só: depois da missa do domingo à noite, tinha que ter Buon Gustaio. A pizzaria ficava no Largo do Líder.
Nos despedindo da década, viramos uma página da maior importância. É histórica. Bem-vindo ao século XXI!!!
Sorocaba está outra! Linda, "bem vestida" com novas construções e avenidas, arquitetura, paisagismo e cores, cresceu, mas não perdeu certas características que ainda fazem dela uma cidade do interior. Bom para quem preza qualidade de vida. Se ganhou em beleza, da mesma forma ganhou em modernidade com as casas noturnas, ciber cafés, grandes lojas e conveniências. Além deles, franquias oferecendo os mais diversos sabores tentam diariamente o paladar do sorocabano e de tantas outras pessoas que vêm a este pólo comercial e industrial atraídos pelo que podemos proporcionar!
Os eventos também são muitos, posso dizer quase que diários, em diferentes pontos. Difícil para os colunistas sociais cumprirem por completo a agenda. Nos clubes, cada vez mais ganharam espaço as realizações beneficentes. Os grandes bailes de outrora são raros, em compensação, jantares dançantes se destacam no cenário das festas!
O que não mudou? Com certeza, o amor pelo cinema!!! A sétima arte atravessou cem anos na terra querida que Baltazar Fernandes fundou em 1554. Continua sendo uma excelente opção de lazer, em estréias ou não!
Bem, paramos por aqui. Felizes, porque ficamos juntos um bom tempo, e acreditando e desejando que alguém, no futuro, retome a nossa história!!!






O Sorocaba Clube, em 2002, reviveu o glamour dos anos 50 com o baile "Elas de Branco & Eles de Black-Tie"

O Clube União Recreativo, em 1996 comemorou 100 anos











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